Introdução. Embora diversos trabalhos tenham estudado colateralmente a relação entre a hiperuricémia e o acidente vascular cerebral (AVC), não foi possível chegar-se a uma conclusão definitiva a este respeito. Objectivo. Analisar a possível associação entre a hiperuricémia e o AVC. Doentes e métodos. Estudo de casos e controlos emparelhados segundo a idade, sexo e hospital, incluindo doentes com AVC (125) e controlos (250; doentes oftalmológicos). Em ambos os grupos 50,4% são homens e 49,6% mulheres, com idade média de 70 ± 11 anos. Em ambos os grupos foram recolhidos dados relativos aos factores de risco vasculares e antecedentes conhecidos de hiperuricémia, e determinaram-se os níveis séricos de ácido úrico. Calcularam-se os riscos relativos pelo cálculo dos Odd Ratio (OR) e respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95), realizando-se um estudo de regressão logística condicional.
Resultados Encontrou-se uma associação estatisticamente significativa com o AVC para a hipertensão arterial (OR: 6,32; IC95: 3,43, 11,65), o tabagismo (OR: 3,79; IC95: 1,36, 10,58), o alcoolismo (OR: 2,54; IC95: 1,11, 5,41), a cardiopatia isquémica (OR: 2,37; IC95: 1,2, 4,7) e o AVC prévio (OR: 5,93; IC95: 3,17, 11,09). Não se encontrou uma relação com os antecedentes de hiperuricémia (OR: 1,53; IC95: 0,63, 3,73), nem com os níveis séricos de ácido úrico (OR: 0,86; IC95: 0,36, 2,00 para urémia entre 5 e 5,99 mg/dl e OR: 0,46; IC95: 0,21, 1,02, para urémia maior que 6 mg/dl). Conclusão. Os nossos resultados sugerem que a hiperuricémia não é um factor de risco independente para o AVC.
CategoriasPatología vascular
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