Introdução. A conformação normal do polígono de Willis ocorre em menos de metade dos indivíduos, segundo estudos anatómicos. As variantes da artéria cerebral média (ACM) como a duplicidade ou a ACM acessória são raras, embora com envolvimentos clínicos importantes. Apresentam-se dois doentes com estas variantes da ACM e discute-se a sua repercussão na abordagem do acidente vascular cerebral (AVC) agudo.
Casos clínicos Caso 1: homem de 53 anos, com síndroma sensitivo-motora de 2 horas de evolução, cujo Doppler transcraniano (DTC) mostrou uma assimetria de velocidades na ACM. Perante a suspeita de reperfusão espontânea da ACM decidiu-se realizar uma angio-ressonância antes de administrar fibrinolíticos. A angio-ressonância mostrou uma ACM acessória ipsilateral à lesão. Interpretou-se que as anomalias de fluxo detectadas no DTC eram secundárias a esta variante anatómica e não à reperfusão. Após o estudo da angio-ressonância subestimou-se a fibrinólise. O doente recuperou o défice neurológico no prazo de horas. Caso 2: mulher de 21 anos, com cefaleia e hemiparesia transitória diagnosticada com hemicrania com aura. Posteriormente, na raiz de outro AVC demonstrou-se que o quadro clínico anterior tinha sido secundário à dissecação intra-craniana com embolismo e artérias lenticulo-estriadas e enfarte isquémico no referido território. A angio-ressonância demonstrou uma duplicidade da ACM ipsilateral. Conclusões. A dupla vascularização hemisférica em casos de duplicidade anatómica pode ocasionar AVC de melhor evolulção e prognóstico, apesar da oclusão de uma das ACM. A presença de variantes anatómicas da ACM pode ocasionar interpretações erradas do Doppler transcraniano e afectar a decisão terapêuticas em doentes com AVC agudo.
Palabras claveAcidente vascular cerebralArtéria acessóriaArtéria cerebral médiaDoppler transcranianoDuplicidadeCategoriasPatología vascular
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