Objectivo. Avaliar, mediante doppler transcraniano, as alterações dos parâmetros velocimétricos/hemodinâmicos nos doentes com hematoma cerebral versus os controlos, de forma a detectar uma possível hipoperfusão regional. Doentes e métodos. Estudámos 24 doentes com hematoma cerebral e 15 voluntários saudáveis. O tamanho do hematoma e da área hipodensa foram determinados por tomografia axial computerizada craneoencefálica, realizada no momento de internamento. Mediu-se a velocidade média e o índice de pulsatilidade da artéria cerebral média, cerebral anterior e cerebral posterior nos dois hemisférios mediante doppler transcraniano nas primeiras 100 horas. Analisaram-se as diferenças entre as médias com o teste de ANOVA e as correlações foram avaliadas por o coeficiente de correlação de Pearson.
Resultados As velocidades médias, excepto na artéria cerebral anterior, foram menores em ambos os hemisférios nos doentes do que nos controlos (p< 0,001). Existem diferenças interhemisféricas da velocidade média nos doentes em relação aos controlos (p= 0,06). Os índices de pulsatilidade são maiores, em ambos os hemisférios, nos doentes do que nos controlos (p< 0,001). Estas diferenças são independentes da idade, sexo e tensão arterial. A velocidade média na artéria cerebral média ipsilateral tem uma correlação excelente com o tamanho da área hipodensa (r= -0,92) e do hematoma (r= -0,89). Os índices de pulsatilidade mostram uma baixa correlação com o tamanho da lesão. A correlação entre o Doppler transcraniano e as escalas clínicas é moderada. Conclusão. O Doppler transcraniano detecta hipoperfusão cerebral em doentes com hematoma. A excelente correlação da velocidade média na artéria cerebral média com o tamanho da lesão, e a baixa correlação dos índices de pulsatilidade, que não apresentam assimetrias interhemisferícas, sugerem mecanismos de hipoperfusão diferentes da hipertensão intracraniana.
Palabras claveDoppler transcranianoFluxo sanguíneo cerebralCategoriasPatología vascular
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