Introdução. Os fenómenos de hiperlexia são descritos em crianças que apresentam alterações ou atraso no desenvolvimento e são caracterizados pela aptidão em aceder à leitura de forma precoce e autodidacta. Esta capacidade para a descodificação de palavras não está correlacionada com o nível intelectual e pode cursar com diferentes graus de atraso mental e sempre com dificuldades de relacionamento social. O autismo é a doença prototípica das perturbações do espectro autista (PEA), que se caracteriza fundamentalmente por alterações qualitativas na interacção social, no desenvolvimento da comunicação e linguagem, e a presença de um limitado repertório de interesses, acompanhado de respostas estereotipadas ou peculiares. Desenvolvimento. A presença de hiperlexia em crianças com autismo é mais frequente do que em outras alterações do desenvolvimento. Este fenómeno relaciona-se com as capacidades melhor conservadas de memória visual, discriminação visual e motivação/interesse para o material representado de forma visual, que apresentam as pessoas com autismo. Contudo, nem todas as pessoas com autismo apresentam hiperlexia, nem todas as crianças com hiperlexia apresentam autismo, apesar da evidência de que o fenómeno de hiperlexia se observe com maior frequência no autismo e nas PEA. Conclusão. A hiperlexia, entendida como ‘ilhéu de capacidade’ em crianças com autismo e PEA, considera numerosas interrogações e supõe um importante repto na investigação neuropsicológica desta população.
Palabras claveIlhéus de capacidadeMacrografiaMemória visualPerturbações do espectro autistaSíndroma de AspergerCategoriasNeuropediatríaTécnicas exploratorias
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