Objectivo. Dados clínicos e experimentais evidenciam o papel do sistema imunitário na patogenia da epilepsia. O propósito deste trabalho é mostrar os resultados dos estudos imunológicos realizados a 30 doentes epilépticos com crises parciais complexas refractárias a tratamento médico, avaliados por vídeo-EEG.Doentes e métodos. Os doentes foram agrupados de acordo com a localização do foco epileptogénico em: temporais (n = 16), lateralizados (n = 6) e extra-temporais (n = 4). Foram ainda estudados doentes (n = 4) diagnosticados segundo a avaliação por vídeo-EEG como epilepsia psicógena. Foram determinados os níveis de imunoglobulinas (IgG, IgM e IgA) por imunodifusão radial e foram quantificadas por imunocitoquímica os linfócitos T e B (CD3 e CD20), bem como os marcadores linfocitários: CD4, CD8, CD25 e HLA-DR.
Resultados Evidenciou-se um aumento significativo na percentagem de linfócitos T CD8+ (supressores/citotóxicos, p < 0,05) e dos marcadores de activação CD25 (células receptoras IL-2) e HLA-DR (antigénio leucocitário humano DR). A avaliação dos parâmetros imunológicos nos diferentes grupos de localização do foco epileptogénico mostrou que o aumento significativo dos linfócitos CD8+ se limita aos casos temporais e lateralizados (p < 0,01). Os doentes com localização extra-temporal e os casos psicógenos mostraram valores normais para todos os marcadores avaliados; este último grupo recebia o mesmo tratamento médico que o resto dos doentes. Conclusões. Estes resultados evidenciam que existem alterações do sistema imunitário nos doentes epilépticos com crises parciais complexas não associadas ao tratamento anti-epiléptico; as mesmas podem ser factores relevantes na patogenia da epilepsia e têm relação com a localização do foco epileptogénico.
Palabras claveAlterações imunológicasCrises psicógenasLocalização do foco epilépticoCategoriasEpilepsias y síndromes epilépticos
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