Introdução. Durante a última década temos assistido a uma importante modificação da neurologia na prática clínica devido à explosão de nova informação e novas tecnologias no âmbito das neurociências. A formação de estudantes e especialistas em formação bem como o ensino pós-graduado estão orientados para essas novas tecnologias, e deixam em segundo plano a medicina clínica tradicional. Por outro lado, a massificação das consultas ambulatórias impede uma adequada avaliação dos pacientes.
Casos clínicos Caso 1: Mulher de 65 anos com cefaleia occipital diagnosticada de origem tensional (tomografia axial computorizada normal). Dois meses depois foi reavaliado por dor intratável e envolvimento do XII nervo craniano. O estudo foi ampliado por neuroimagem e foram detectadas metástases no côndilo occipital. Caso 2: Mulher de 21 anos, com suspeita de doença desmielinizante por paralisias faciais de repetição e perturbação facial sensitiva. A exploração e a tomografia axial computorizada temporo-mandibular detectam luxação mandibular. Caso 3: Mulher de 60 anos remetida para avaliação de anti-coagulação por isquemias transitórias de repetição. Foi descoberta uma paralisia facial periférica associada a um colesteatoma com invasão do canal auditivo. Conclusões. Na actualidade, a formação em neurologia concede uma grande importância às novas tecnologias. Por outro lado, a massificação das consultas externas impede uma adequada avaliação do doente e, em muitas ocasiões, a história e exame clínico minuciosos é substituído por exames complementares. Isto conduz a erros diagnósticos, tanto por excesso (falsos positivos), como por defeito (falsos negativos) ou iatrogenia terapêutica. Seria importante a reavaliação dos programas docentes e o cumprimento das recomendações mínimas de tempo de visita.
Palabras claveAmbulatóriaAssistênciaDocênciaFormaçãoNeurologiaTecnologiaCategoriasCalidad, Gestión y Organización Asistencial
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