Introdução. A atrofia selectiva do hipocampo, amigdala e córtex entorrinal pode ser detectada em doenças neurodegenerativas, trauma e epilepsia. A magnitude da lesão pode ser quantificada por técnicas volumétricas e em comparação com valores de indíviduos saudáveis. Objectivo. Determinar os volumes normativos das estruturas mesio-temporais e propor uma metodologia estatística objectiva para a análise de casos patológicos. Sujeitos e métodos. As quantificações dos volumes dos hipocampos, complexos amígdalinos e cortices entorrinais foram realizados a partir dos exames de resonância magnética de 34 indíviduos saudáveis, dextros e cujas idades extremas variaram entre 19-52 anos. Os valores foram normalizados para as diferenças do volume intracraniano de cada individuo. Foram realizados testes intra/inter-observador para determinar a reproducibilidade. As análises estatísticas incluiram comparações de assimetrias, correlações entre volumes e testes para aferir a influência da idade, sexo e morfometria geral (índice de massa corporal e altura). Para cada estrutura, definimos um intervalo normativo segundo o método de Hotteling de elipses de confiança (99%).
Resultados Os volumes do hipocampo e córtex entorrinal direitos são maiores do que os volumes esquerdos. O valor da assimetria é pequeno, mas significativo. Os volumes da amígdala não mostraram assimetrias. Não se verificaram correlações entre volumes de estruturas diferentes. As diferenças relacionadas com o sexo apenas existem nos volumes absolutos da amígdala (homem > mulher). Contudo, após normalização, essas diferenças foram eliminadas. Não se verificou qualquer efeito da idade ou morfometria (com excepção de uma correlação moderada entre a altura e os volumes do hipocampo). As elipses de confiança dos valores normais proporcionam uma leitura precisa dos dados. Em particular, permitem valorizar com segurança as assimetrias patológicas e os casos com lesão bilateral. Conclusão. Estes valores normativos servem de referência para os estudos de casos patológicos, desde que sejam incluídos no mesmo grupo etário. A utilização de uma representação gráfica única baseada em elipses de confiança a 99% simplifica a interpretação clínica e melhora a precisão dos resultados.
Palabras clavePopulação portuguesaResonância magnéticaVolumetria
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