Introdução. O tratamento com inibidores selectivos da recaptação da serotonina (ISRS) em mulheres gestantes é cada vez mais frequente. O seu uso durante a gestação, nas doses recomendadas, não possui efeitos teratogénicos. Descreveu-se uma síndroma neonatal associada a ISRS por abstinência em recém-nascidos de mães expostas a estes fármacos durante o último trimestre da gestação. Contudo, escassamente se conhece sua farmacocinética no recém-nascido.
Caso clínico Prematuro do sexo masculino, cuja mãe tinha recebido tratamento com paroxetina (20 mg/kg/dia) durante o terceiro trimestre de gestação, que nasceu prematuro e apresentou aos poucos dias de vida sintomas compatíveis com uma síndroma de abstinência. Tais sintomas consistiam em irritabilidade com choro constante, tremores, aumento do tónus muscular, movimentos coreiformes e problemas na alimentação. Os sintomas desapareceram às duas semanas de vida, apenas com tratamento de suporte. Conclusões. A exposição intra-uterina aos ISRS durante o terceiro trimestre de gestação pode ser a causa de uma síndroma de abstinência neonatal, geralmente autolimitada e que requer apenas tratamento de suporte. A crescente incidência desta síndroma neonatal pode dever-se ao uso cada vez mais frequente destes fármacos em mulheres gestantes. Todos estes recém-nascidos de risco teriam de ser objecto de seguimento durante os primeiros dias de vida. É necessário conhecer melhor os efeitos e a farmacocinética dos ISRS no período neonatal e são necessários estudos adicionais para determinar se o uso dos ISRS durante o último trimestre da gestação é seguro.
Palabras claveAntidepressivosGestaçãoRecém-nascidoSíndroma de abstinência
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