Objectivo. Analisar as bases neuronais da percepção e do reconhecimento de rostos. Desenvolvemos, em primeiro lugar, o tema da especialização funcional hemisférica; depois centrámo-nos nos resultados obtidos na neuroanatomia do processamento de rostos e por fim, referimo-nos às perturbações do reconhecimento de rostos no homem. Para este fim revimos as evidências clínicas procedentes dos estudos neuropsicológicos de doentes prosopagnósicos e os dados provenientes dos ensaios psicofisiológicos realizados mediante registos intracranianos com primatas. Desenvolvimento. A correlação entre os resultados analisados, permite-nos concluir, a existência em ambos os hemisférios cerebrais de mecanismos neuronais especializados na percepção e no reconhecimento de rostos e demonstrar que as áreas inferiores e posteriores do córtex occipito-temporal desempenham um papel determinante nos ditos processos. Desta forma, os achados experimentais com primatas permitem-nos explicar a natureza neuronal de certas perturbações neuropsicológicas observadas no homem, como é o caso da dissociação entre perturbações do reconhecimento da identidade facial e perturbações de reconhecimento da expressão emocional e também a dissociação entre a dificuldade em reconhecer caras familiares e a dificuldade em reconhecer caras não familiares. Conclusão. A utilização das técnicas de neuroimagem modernas e os estudos electrofisiológicos mediante potenciais evocados são necessários para uma melhor compreensão destas e de outras perturbações relacionadas com o processamento da informação facial.
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