Introdução. O mutismo constitui a ausência da expressão verbal, com conservação da compreensão da fala. A origem é multi-factorial: traumatismos cranianos, cirurgia da fossa posterior, síndromas epilépticas adquiridas, psicogénicos. Objectivo. Referir doentes que apresentaram mutismo de diversas etiologias.
Casos clínicos Avaliámos três crianças que apresentaram mutismo como consequência de diversas causas. Caso 1. Doente com perturbação familiar e escolar e deficiência atencional, com escassos recursos comunicativos. O exame neurológico e os exames auxiliares (EEG) foram normais. Não possuía alterações da fala nem da linguagem. Uma abordagem psicoterapêutica orientadora e a mudança de escola favoreceram a normalidade comunicativa. Caso 2. Menina de 4 anos que sofreu de varicela 15 dias antes; apresenta um quadro de limitação da expressão verbal, apesar de manter a sua capacidade linguística. Manifestou uma conduta retraída, deambulava adequadamente, mas sem finalidade. O exame neurológico foi normal. A criança compreendia e cumpria as ordens, mas a sua comunicação verbal estava ausente; a recuperação foi total em 72 horas. Caso 3. Um doente de 12 anos de idade que 10 dias antes sofrera um traumatismo craniano com perda de consciência. Apresentou posteriormente alterações progressivas do comportamento, episódios de desorientação e visão turva, estereotipias e limitação da conexão psicossocial. A linguagem, apesar do seu mutismo, estava conservada na sua estrutura e conteúdo. Na SPECT observava-se hipoperfusão nas áreas órbito-temporais bilaterais. A recuperação foi total 20 dias após o traumatismo. Conclusões. O mutismo selectivo é multi-factorial. No presente artigo faz-se referência a três doentes: um de carácter emocional, outro como consequência de complicações após varicela e um terceiro doente com mutismo pós-traumático.
Palabras claveCriançaDiagnostico diferencialEtiologia multi-factorialMutismo emocionalCategoriasNeuropediatría
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