Introdução. A cefaleia é o sintoma clínico mais frequente durante a infância e a adolescência sob o ponto de vista neurológico. Na fisiopatologia da hemicrania e cefaleia tensional, intervêm factores de personalidade e bioquímicos como a serotonina, comuns à doença celíaca. Objectivo. Estabelecer a prevalência de cefaleia em crianças e adolescentes com doença celíaca e a possível relação entre as duas entidades. Doentes e métodos. Foram seleccionados de forma aleatória 86 doentes celíacos. Todos seguiam uma dieta sem glúten e encontravam-se assintomáticos sob o ponto de vista gastrentorológico. Efectuaram-se entrevistas directas e observações físicas e neurológicas completas. O diagnóstico de cefaleia baseou-se nos critérios da International Headache Society de 1988.
Resultados A idade média foi de 12,71 ± 4,5 anos (amplitude 5-24). Dos 86 casos, 34 (39,5%) doentes apresentaram cefaleia. Em 18 casos (20,9%) a cefaleia era do tipo tensional e em 16 (18,6%) era de tipo hemicrania, 10 casos sem aura e 6 com aura. Não encontrámos diferenças significativas quanto ao sexo. Conclusões. Observa-se um aumento da prevalência de cefaleias nos doentes celíacos estudados, tanto do tipo hemicrania, como do tipo cefaleia tensional, comparativamente com os dados descritos na literatura. No primeiro caso, também se evidencia uma diminuição da frequência de antecedentes de hemicrania em familiares de primeiro grau. Estes dados provavelmente estariam em relação com as características da personalidade do doente ou do seu ambiente familiar ou social, no caso das cefaleias tensionais, e no caso da hemicrania poderia ser motivado por factores bioquímicos, tais como a redução de serotonina plasmática, presente tanto na doença celíaca como na hemicrania.
Palabras claveCefaleiaDoença celíacaHemicraniaInfânciaCategoriasCefalea y MigrañaDolorNeuropediatríaNeuropsiquiatría
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