Introdução. A monitorização electrocorticográfica (ECoG) da epilepsia temporal (ETL) tem sido realizada desde os anos 40, como meio para precisar a excisão cirúrgica, especialmente na epilepsia secundária a lesões e para reduzir o seu tamanho e sequelas cognitivas (memória, nomeação). Contudo, foi recentemente sugerido que a EcoG não tem indicação clara e valor prognóstico nos casos de ETL não secundárias a lesões. Com base na relação fisiopatológica entre estruturas mesiais e neo-corticais (através de possíveis vias de propagação) sugere-se uma classificação dos padrões de actividade EcoG em função do registo simultâneo nas membranas mesial e neo-cortical. Doentes e métodos. Foram revistos os registos de 33 (28 sem lesão) doentes com ETL consecutivos, incluindo a monitorização vídeo-EEG com eléctrodos de abertura oval, de forma independente, por dois neurofisiologistas experientes (mais de 200 estudos realizados). O principal critério foi o da identificação da actividade mais precoce (líder), nitidamente na área mesial ou neo-cortical e o se relacionou com o curso clínico pós-cirurgia. Identificam-se, assim 5 padrões: I. Mesial puro; II. Mesial com actividade neo-cortical relacionada; III. Actividade mesial e neo-cortical independente; IV. Predomínio neo-cortical (embora se identifique alguma actividade mesial independente), e V. Origem neo-cortical. Nos 33 doentes realizou-se a excisão à medida em dois tempos e guiada por EcoG. Obteve-se uma associação significativa (test do Chi-quadrado) entre o êxito cirúrgico e os padrões I, II e IV. O padrão V conjecturou um mau prognóstico. Conclusões. A EcoG reflecte o estado de envolvimento anatomo-patológico das estruturas mesiais e neo-corticais. Uma abordagem experiente, embora pouco demorada (20-30 min), permite respeitar o tecido com relevância funcional e estabelecer um prognóstico em função da actividade epileptogénica inicial.
Palabras claveElectrocorticografiaEpilepsia do lobo temporalPadrõesCategoriasEpilepsias y síndromes epilépticos
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