Introdução. Múltiplos estudos demonstraram que a medicação antiepiléptica pode ter repercussões no funcionamento cognitivo. O topiramato (TPM) é um novo medicamento antiepiléptico com vários mecanismos de acção e tem provado ser clinicamente eficaz na redução do número de crises em doentes epilépticos. Nos estudos clínicos são frequentemente referidas queixas cognitivas subjectivas, inconsistentemente objectivadas. A principal finalidade deste estudo foi avaliar a ocorrência de efeitos neuropsicológicos atribuíveis à adição de TPM à terapêutica antiepiléptica, em curso, em doentes com epilepsia parcial refractária. Doentes e métodos. Foram avaliados 44 doentes com uma bateria cognitiva aplicada antes do início da terapêutica com topiramato e 6 meses após estabilização de dose. Os testes escolhidos avaliaram memória verbal e não verbal, funções executivas, linguagem, processamento visuomotor e funções psicomotoras. O estudo cognitivo decorreu em paralelo com estudos clínicos TOPMAT-EPAJ-111 e TOP-POR1.
Resultados A análise estatística dos resultados não mostrou alterações nos testes motores, na atenção sustida e na memória lógica e visual. Evidenciou-se declínio na fluência verbal semântica, aprendizagem verbal, memória de trabalho e capacidades visuomotoras. Considerando o efeito da dosagem de TPM e o número total de antiepilépticos verificou-se maior compromisso nos doentes que tomavam mais de 400 mg por dia. Conclusões. Tal como outros antiepilépticos o TPM, usado em doentes com epilepsia refractária em regime de politerapia, pode ter efeitos sobre as funções cognitivas. Estas alterações podem estar relacionadas com a acção potenciadora deste medicamento ao nível do sistema de neurotrasmissão do ácido gamma-aminobutírico (GABA), substância que tem propriedades inibitórias nas regiões anteriores do cérebro.
Palabras claveEfeitos secundáriosFunções frontaisMemóriaCategoriasEpilepsias y síndromes epilépticosNeuropsicología
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