Uso de potenciais relacionados com acidentes para o diagnóstico e seguimento das perturbações subclínicas da atenção prolongada na doença vascular cerebral isquémica
Introdução. A doença vascular cerebral isquémica provoca um envolvimento cognitivo entre os sobreviventes, que pode ir desde a demência vascular até alterações de carácter subclínico. Estas não se detectam facilmente através das ferramentas de diagnóstico convencionais. Entre as alterações mais frequentes, após um enfarte cerebral encontram-se as da atenção prolongada ou vigilância. O potencial relacionado com eventos (PRE) P300 ou P3 poderia constituir um indicador diagnóstico útil deste tipo de alterações e da sua evolução. Objectivos. Avaliar e diagnosticar as alterações subclínicas da atenção prolongada nos doentes com enfarte cerebral, utilizando o PRE, como método de diagnóstico e seguimento. Doentes e métodos. Estudaram-se 13 doentes com enfarte cerebral localizado ao lobo parietal esquerdo, 13 com enfarte parietal direito e 26 controlos sãos, acoplados por sexo, idade e escolaridade. Todos foram submetidos a um teste computorizado de execução contínua, associado ao registo da actividade eléctrica cerebral.
Resultados Os doentes com lesão parietal direita cometem maior quantidade de erros por omissão, têm menos respostas correctas e um menor índice de atenção que o restantes doentes e controlos sãos. Enquanto que não existem diferenças significativas entre os valores de amplitude da P3, os doentes com lesão direita apresentam latências significativamente aumentadas nas derivações F7, Fz e Cz. Após cinco meses verificou-se melhoria significativa na execução do teste da atenção. O valor de latência na derivação Cz, nove dias após a ocorrência do enfarte cerebral, relacionava-se com a quantidade de erros que cinco meses mais tarde cometiam os indivíduos no teste de atenção. Conclusões. Os doentes com lesão isquémica no lobo parietal direito apresentam alterações da atenção prolongada, que só foram diagnosticadas adequadamente pelas provas computorizadas associadas ao registo de PRE. Isto demonstra a utilidade dos potenciais evocados no diagnóstico cognitivo, assim como a relação existente entre a capacidade de manter a atenção sobre um estímulo ao longo do tempo e as estruturas do lobo parietal direito. Após cinco meses, estas alterações de carácter subclínico podem desaparecer. O valor de latência Cz, aos nove dias do acidente, constitui um premonitor desta recuperação. Os planos de reabilitação cognitiva poderiam beneficiar da utilização destas ferramentas de diagnóstico.
Palabras claveAlterações subclínicasAtenção prolongadaDoença vascular cerebralPotenciais evocadosCategoriasNeuropsicologíaPatología vascularTécnicas exploratorias
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