Introdução. Apresentamos uma análise ao agramatismo com o objectivo de examinarmos qual é a sua sintomatologia, a regularidade com que este se observa, e as sugestões propostas, a partir da neuropsicologia cognitiva, para a explicar. Desenvolvimento. Em primeiro lugar, expõe-se o debate acerca do estado de agramatismo como categoria afásica com validade teórica e clínica, distinguindo duas perspectivas opostas. Por um lado, a perspectiva dos autores que questionam a categoria clínica do agramatismo devido à variabilidade que se observa na execução das tarefas linguísticas dos doentes diagnosticados clinicamente como agramáticos. Por outro lado, a dos autores que defendem, apesar das possíveis variações, a existência do agramatismo como síndroma afásico. Na segunda secção do presente estudo são discutidos aqueles sintomas que, segundo os dados obtidos até ao momento, se associam ao agramatismo e as explicações propostas. Primeiro expõem-se os sintomas que se observam na produção linguística destes doentes. Entre eles destacam-se: 1. Problemas relacionados com os morfemas gramaticais, 2. Uma longitude média de emissão oral reduzida, 3. Uma dissociação nome-verbo, com uma melhor execução nos nomes, 4. Dificuldades na construção de orações e, finalmente, 5. Alterações na ordem das palavras. A seguir, discutimos os sintomas que os doentes agramáticos manifestam no âmbito da compreensão da linguagem. Conclusão. No seu conjunto, a análise dos sintomas que se observam no doente agramático que apresentamos neste artigo tem por base uma visão do agramatismo como síndroma de multicomponentes, mais do que como um síndroma unitário, e as componentes morfoléxicas e sintáctica são as que mais se alterariam.
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