Introdução. Segundo o diagnóstico de incapacidade intelectual é possível oferecer um prognóstico sobre o grau de autonomia que poderá alcançar a criança, com base na experiência prévia em função da etiologia da incapacidade. A capacidade de alcançar um nível operativo de linguagem escrita continua a ser de difícil resposta prospectiva. A finalidade de oferecer um prognóstico baseado na experiência passa pela análise prévia de como se abordam as disfunções de aprendizagem na população incapacitada. Desenvolvimento. Face ao cada vez maior conhecimento das bases neurocognitivas das alterações específicas da aprendizagem e à cuidadosa abordagem neuropsicológica de que são objecto as crianças com perturbações na aquisição da linguagem escrita com nível intelectual normal, as crianças com incapacidade intelectual continuam a padecer de uma abordagem simplista, sendo o quociente intelectual o elemento considerado como de maior peso, com pouca atenção aos aspectos neuropsicológicos, no contexto pedagógico e social, assim como aspectos co-mórbidos que podem influir na aquisição da função; aspectos que, no entanto, são motivo de rigorosa avaliação nas crianças não incapacitadas. Conclusões. O actual conceito de incapacidade intelectual superou a definição em função do quociente intelectual. A ampla variabilidade da função lectográfica em crianças com incapacidade intelectual não pode ser explicada apenas em função da avaliação psicométrica e uma ampla abordagem neuropsicológica, tal como se efectua na população não incapacitada, que permitirá a detecção das disfunções cognitivas, pedagógicas, sociais e patológicas que interferem na aquisição da linguagem escrita.
Palabras claveAbordagem neuropsicológicaCo-morbilidadeIncapacidade intelectualLinguagem escritaMemória de trabalhoPerturbação da aprendizagemQuociente intelectual
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