Introdução e objectivos. As alterações da marcha (AM) de tipo piramidal são classicamente conhecidas na doença vascular cerebral (DVC). O nosso objectivo tem sido desenvolver uma análise, prospectiva e transversal, qualitativa e quantitativa das AM, piramidais e não piramidais, ligadas aos diferentes subtipos da DVC, utilizando uma escala de marcha e equilíbrio (EME). Doentes e métodos. Para criar a EME utilizaram-se 14 variáveis semiológicas, 6 de postura e equilíbrio, 6 de marcha, 1 de perturbações sensitivas e 1 de quedas. Dois neurologistas avaliaram separadamente cada pessoa, sendo as determinações repetidas na semana seguinte. Os dados foram avaliados com o teste de Kruskal Wallis, coeficiente de Spearman, teste do Chi quadrado e componentes principais.
Resultados Noventa indivíduos, com uma idade média de 70,6 anos, foram repartidos em três grupos: 1. DVC: com 21 indivíduos com lesões vasculares silenciosas na neuroimagem, 17 com doença vascular provável e 21 com acidente vascular cerebral agudo; 2. Treze indivíduos com marcha cautelosa sem doença evidente; 3. Dezoito controlos normais entre os 60 e 80 anos de idade. As AM com síndroma não piramidal relacionaram-se significativamente com a doença das pequenas artérias (c2= 16,37, gdl= 1, p< 0,0001). Conclusões. Na DVC, as AM não piramidais foram tão frequentes como as piramidais. Um valor aumentado de EME provocado por uma marcha cautelosa, em doentes mais jovens, sugeriu uma alta probabilidade de DVC silenciosa e uma associação significativa com as lesões de pequenas artérias. Estes resultados preliminares sugerem que a EME seja um instrumento útil para objectivar e quantificar as AM.
Palabras claveAlterações da marchaDoença vascular cerebralEnfarte cerebral silenciosoEscala de marcha e equilíbrio
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