Introdução. A etnia Kamayurá é formada por 300 indivíduos que habitam o Alto Xingú no Mato Grosso, Brasil. O seu sistema tradicional de saúde depende do pajé, o xamã que trata com plantas e orações. Material e métodos. Realizou-se um trabalho de campo na aldeia Kamayurá mediante entrevistas sucessivas com o cacique e pajé Takumá para recolher informações sobre as doenças neurológicas existentes, as crenças indígenas de adoecer (naturais o baseadas em feitiçaria), sua classificação e os tratamentos tradicionais baseados nas plantas. Os termos empregues foram traduzidos do Kamayurá para português.
Resultados A doença do índio tem origem na vingança do espírito (mama’e) do animal morto pelo caçador. A epilepsia (teawurup) ou doença de tatú, é originada quando o caçador mata um tatú. Trata-se com duas raízes, tsimó e wewuru, amassadas e diluídas em água, aplicadas nos olhos, e com a infusão da raiz de enamuun. A hemicrania, ou doença de macaco, produz dor de cabeça pulsátil e vertigens. O atraso mental e a paralisia cerebral infantil são incluídas na doença de tamanduá. A depressão trata-se com a planta iputunú. Que se aplica diluída em água na cara para que o doente deixe de ver os seus defuntos e se possa curar. A esquizofrenia ou apuayat (doença do mocho) também existe, mas não o parkinsonismo ou o ictus. Conclusões. Os pajés Kamayurá estabeleram um sistema de saúde baseado no pensamento mágico transmitido oralmente e na utilização de plantas tradicionais.
Palabras claveAntropologiaÍndios sul-americanosPatologia neurológica
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