Introdução. Os anticorpos antifosfolipídicos (AF) -anticoagulante lúpico (LA) e anticardiolipinas (aCL)- desempenham um papel que promove a trombose arterial e venosa em diferentes territórios vasculares. As síndromas vestibulares agudas representam uma queixa frequente na prática neurológica, Aproximadamente 9% dos casos devem-se a lesões em áreas do sistema vestibular central, sempre associadas a perturbações vasculares. Objectivo. Definir a potencial relação entre estes anticorpos e as alterações vestibulares. Doentes e métodos. Comunicamos a presença de AF em 16 doentes com sintomas vestibulares centrais. Todos os doentes foram avaliados no sector Neuro-Otológico e Vascular do Instituto de Investigações Neurológicas de Buenos Aires (FLENI) (1998-2000). Realizou-se ressonância magnética cerebral (RMC) e testes neuro-otológicos para determinar a topografia e a etiologia dos referidos sintomas. O doseamento LA e aCL efectuaram-se pelos critérios padrão.
Resultados Avaliámos 16 doentes (13 mulheres e três homens, com 44 ± 4 anos de idade (21-65), sem factores de risco vascular em 13 dos mesmos. Em 10 indivíduos observaram-se lesões na RMC (um enfarte do cerebelo, três com isquemia da protuberância, e oito com enfartes da substância branca). Todos tinham sinais de disfunção vestíbulo-cerebelosa ou dos núcleos vestibulares. Os 16 tinham LA positivo e quatro um aumento do aCL. Conclusão. Estes achados sugerem uma potencial associação entre a presença de um estado protrombótico e uma disfunção vestibular central de etiologia vascular. Este é o primeiro comunicado que relaciona a referida associação na ausência clínica evidente de patologia auto-imune. O doseamento de LA e aCL deveria se considerar em doentes com manifestações vestibulares.
Palabras claveAnticorpos antifosfolipídicos
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